

Uma das mais importantes associações do concelho de Sousel, a Associação Vozes do Fado de Sousel (AVFS), cumpre no próximo sábado, 19 de Abril, 15 anos de existência.
Nesse dia festivo, que será certamente mais um dia inesquecível para a associação liderada por Jorge Clérigo, a mais tradicional canção portuguesa, o Fado, será ouvido no Jardim Municipal de Sousel, durante a tarde, e na sede da associação, à noite, com a presença dos convidados Joana Amendoeira, Miguel Ramos e Pedro Amendoeira.
Há sensivelmente um ano, o Ardina do Alentejo marcou presença numa das noites de fado da AVFS, e contámos-lhe tudo aqui. E ficou combinado que regressaríamos e que voltávamos a falar da AVFS.
Estivemos à conversa com Jorge Clérigo, que além de fadista e de acompanhar os fadistas com a sua viola de fado, é Presidente da Direcção da AVFS, e que nos falou de como tudo começou, dos projectos para o futuro, dos apoios com que contam e de como também “a Sul se canta o Fado”.
Ardina do Alentejo – Para quem não conhece, o que é a Associação Vozes do Fado de Sousel?
Jorge Clérigo – A Associação Vozes do Fado de Sousel (AVFS) é uma associação que tem por objectivo a divulgação e promoção do fado, através de actividades culturais, e ainda na organização e apoio aos eventos culturais. Está ainda inserido no objecto da associação, o ensino da guitarra e da viola de fado, assim como a realização semanal de ensaios de fado para todos os que queiram aperfeiçoar a arte de cantar.
Ardina do Alentejo – Como é que surgiu a ideia de fundarem a Associação Vozes do Fado de Sousel?
Jorge Clérigo – A ideia de se constituir esta associação surgiu a partir de três elementos: António Cachudo, João Henrique e José Manuel Boto. Já há algum tempo que pensavam em criar uma associação, tendo surgido uma oportunidade. Aos três fundadores, logo se juntaram de seguida outros elementos. Os eventos de fado começaram em Sousel no antigo colégio do Padre Fernandes.

Ardina do Alentejo – Estão praticamente a cumprir 15 anos de existência. Que balanço faz destes 15 anos?
Jorge Clérigo – Julgamos que o balanço é bastante positivo, com altos e baixos, como é normal praticamente em tudo na nossa vida. E tivemos a confirmação dessa positividade no dia do nosso aniversário, em 2024. Foi um espectáculo inesquecível com a afluência dos sócios ao mais alto nível.
Contudo, tem sido uma luta feroz contra aqueles que querem ver fechadas as portas da associação e os que querem mantê-las abertas.
O que é perfeitamente normal – não devia ser – nestas terras pequenas, em que a maioria das pessoas se conhece e em que não se consegue separar as relações pessoais de uma actividade destas, que serve a comunidade, em geral, em termos culturais.
Parabéns a todos os sócios que mantêm em funcionamento a AVFS.
Ardina do Alentejo – Quais são os projectos futuros da Associação Vozes do Fado de Sousel?
Jorge Clérigo – Estamos a preparar parcerias para a formação da associação no Continente e Ilhas. Assim que as mesmas se concretizarem, daremos notícias.
Gostamos de dar passos pequenos mas seguros para não perdermos identidade, como muitas vezes acontece, quando as coisas são levadas a outro nível para o qual nem sempre estamos preparados. Veja-se por exemplo o que acontece em Lisboa, onde vão sendo poucas as casas em que o fado não é comercializado para turistas com a consequente “perca de sabor” a fado.
Ardina do Alentejo – Quem quiser ouvir as vozes da vossa associação, o que é que tem de fazer?
Jorge Clérigo – De referir que, sendo a AVFS uma associação, a entrada é exclusiva a sócios. No entanto, como ninguém pode ser sócio de uma instituição que não conhece, pode vir assistir a uma noite de fado, a convite de um sócio ou solicitando através do Facebook da associação.
Contudo, tem sido uma luta feroz contra aqueles que querem ver fechadas as portas da associação e os que querem mantê-las abertas.
O que é perfeitamente normal – não devia ser – nestas terras pequenas, em que a maioria das pessoas se conhece e em que não se consegue separar as relações pessoais de uma actividade destas, que serve a comunidade, em geral, em termos culturais.
Ardina do Alentejo – Com que apoios conta a Associação Vozes do Fado de Sousel?
Jorge Clérigo – Contamos com vários apoios extremamente importantes para a continuidade da nossa associação, nomeadamente a Câmara Municipal de Sousel, a Junta de Freguesia de Sousel, e as empresas SouselConta, Pasto Alentejano, Carlos Magro, Lda., e Volume Mágico.
E não menos importantes, os nossos sócios, que tudo fazem para o bem-estar da AVFS, aderindo sempre a todos os eventos que a mesma organiza.
Ardina do Alentejo – Qual é aquele evento que organizaram ou em que participaram que não vos sai da memória?
Jorge Clérigo – Já houve vários onde participámos mas comemorações de todos os nossos aniversários, e em particular o 14º, ficaram para sempre na nossa memória.
Ardina do Alentejo – O fado em Sousel, em particular, e no Alentejo em geral, está bem e recomenda-se?Jorge Clérigo – Costumamos dizer que “a Sul também se canta o fado”. Há varias casas de fado no nosso Alentejo e bastantes boas. A divulgação da nossa cultura nacional é um orgulho. Cada vez mais aparecem novos talentos, bastante jovens, a tocar guitarra portuguesa e viola de fado, assim como novas vozes, mas no entanto, “ver um jovem de 80 anos” a cantar, não há dinheiro que pague essa entrega.
Fotos: DR