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Alcokart esteve em Estremoz e sensibilizou futuros condutores

Na passada terça-feira, dia 21 de Maio, e destinada aos alunos do 8º e 9º ano de escolaridade, a Escola Básica 2,3 Sebastião da Gama, em Estremoz, recebeu uma acção de prevenção rodoviária denominada “Estrada Segura”.

Esta iniciativa, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz, foi desenvolvida na parte teórica pela agente da Esquadra de Estremoz da Polícia de Segurança Pública (PSP), Dina de Deus, e na parte prática por técnicos da GARE – associação para a promoção de uma cultura de segurança rodoviária, organização não-governamental, sediada em Évora, e que desenvolve acções na área da promoção da Segurança Rodoviária, com intervenção na área da Educação, da Saúde e dos Direitos.

A estrela do dia foi mesmo o Alcokart, um kart eléctrico, equipado com uma placa informática que lhe permite ter dois modos de condução, o denominado modo de condução normal e o modo de condução “embriagado”, em que todas as funções do kart (aceleração, travagem e direcção) são retardados entre dois a três segundos.

Os cerca de 100 alunos para quem esta actividade se destinava tiveram assim a oportunidade de conduzir o Alcokart e constatar as diferenças existentes entre os dois tipos de condução. Para além do Alcokart os alunos puderam ainda usar uns óculos modificados, cujo objectivo é mostrar o real estado da visão sob o efeito do álcool. Com os óculos colocados, o mais dificil foi mesmo completar correctamente o percurso proposto para além de que o exercicio de pontapear uma bola de futebol poucas vezes foi concluido com sucesso.

Ardina do Alentejo marcou presença nesta iniciativa e esteve à conversa com Adérito Araújo, Presidente da Direcção da GARE, que nos falou do Alcokart e da facilidade com que os alunos são motivados para aderirem a estas actividades. 

Ardina do Alentejo – Qual a função do Alcokart e do percurso com os óculos modificados?

Adérito Araújo (AA) – A função do Alcokart é fazer com que os alunos percebam que a condução com o álcool nos retira um conjunto importante de noções que são necessárias para a condução e que nos trazem uma série de constrangimentos.

O Kart tem duas funções. Numa delas ele é colocado no modo de condução normal, e numa outra em que ele é colocado no modo de condução não normal, em que todas as funções do kart são atrasadas cerca de dois segundos, ou seja, quando trava não trava naquele momento, e quando acelera ou vira exactamente a mesma coisa, que é o que acontece quando se conduz um veiculo com uma quantidade de álcool acima dos mínimos permitidos.

Na primeira volta eles normalmente vão muito bem, e na segunda volta, quando colocamos o kart no modo de condução não normal, e eles começam a bater nos pinos, que se fossem árvores, estavam a ser possivelmente derrubados.

Em relação aos óculos, eles têm mais ou menos a mesma função, em que quando os têm colocados não conseguem fazer o trajecto em condições e depois nem sequer conseguem dar um pontapé numa bola, situação que toda a gente sabe fazer.

Ardina do Alentejo – É fácil motivá-los para este tipo de actividades?

AA – Motivá-los é fácil porque eles divertem-se imenso. Mas este tem de ser um trabalho continuo, porque as crianças e os jovens quando saem destas actividades são os primeiros a terem a certeza de que na realidade isto funciona mesmo assim, e é aqui que eles aprendem. Os adultos têm já muita dificuldade em aprender e por isso é que eu digo que os adultos só aprendem com a multa. Os jovens aprendem estas noções importantes, e agarrando nelas, ajudam os próprios pais a cumprirem as regras. Basta lembrar-nos da questão do cinto de segurança em que são os miúdos muitas vezes a dizerem aos pais para colocarem o cinto. E é na escola, evidentemente que também com a ajuda dos pais, que estas noções têm de ser completamente interiorizadas, e é isso que a GARE tem tentado fazer.

Ardina do Alentejo – Quem quiser contar com a GARE a desenvolver estas actividades, como é que deve proceder?

AA – Nós deslocamo-nos a qualquer lado, normalmente sem custos, à excepção de quando vamos com o Alcokart, que implica levar uma carrinha e porque o mesmo precisa de alguma manutenção e também custou algum dinheiro, mas que são custos não muito grandes. Basta irem ao nosso site, em www.gare.pt, e ver como podem contactar-nos.

Estivemos igualmente à conversa com a “mentora” desta iniciativa, a agente Dina de Deus, que nos sublinhou que o objectivo principal desta actividade passa pela sensibilização dos futuros condutores.

Ardina do Alentejo – Qual o objectivo principal desta actividade com o Alcokart aqui na Escola Básica 2,3 Sebastião da Gama?

Dina de Deus (DD) – O objectivo é sensibilizar os futuros condutores para que, na prática, conheçam os efeitos da condução sob o efeito do álcool, visto que ultimamente na nossa região Alentejo, e principalmente este ano, estamos com uma taxa de acidentes rodoviários, com mortes, muito acima dos anos anteriores. E como de pequenino é que se torce o pepino, temos que os sensibilizar desde já para que estas mortes e estes acidentes terminem e deixarmos de perder os nossos mais queridos.

Ardina do Alentejo – É fácil motivá-los para este tipo de actividades?

DD – É fácil nesta parte prática. Já fiz imensas acções nesta escola, mas à base de powerpoints e de teoria. Como tive o prazer de frequentar esta formação do Alcokart, em Évora, há uns anos atrás quando ele foi lançado, lembrei-me desta associação e de a trazer a Estremoz, para que os alunos possam ver na prática, vivenciando mesmo, o que é conduzir sob o efeito do álcool melhor do que nós estarmos a falar e assim ficam mais sensibilizados para este tema.

Fotos: Pedro Soeiro

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