

A Associação da Calçada Portuguesa submeteu à Comissão Nacional da UNESCO, na passada sexta-feira, 14 de Março, a candidatura da “Arte e Saber-Fazer da Calçada Portuguesa” à Lista Indicativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade. Segundo a associação promotora, esta candidatura visa “não só a preservação desta arte única”, mas também “o reconhecimento dos calceteiros, profissionais fundamentais na construção e manutenção deste património cultural”.
E o Município de Estremoz é o único do Alentejo presente na candidatura. A autarquia liderada por José Daniel Sádio desempenhou um papel de relevo na preparação do referido dossier, consolidando mais que a recolha de informação e registos fotográficos, pois muito contribuiu a experiência de antigos calceteiros locais que representam o “saber-fazer” desta prática ancestral, e que hoje é parte integrante da identidade cultural portuguesa.
Depois dos Bonecos de Estremoz e dos Chocalhos, Estremoz pode estar assim associado a mais uma inscrição UNESCO.
Após três anos de trabalho, a Associação da Calçada Portuguesa reuniu o apoio de mais de 50 calceteiros de todo o país, a colaboração de oito municípios – Braga, Estremoz, Faro, Funchal, Lisboa, Ponta Delgada, Porto de Mós e Setúbal – e o apoio de mais de vinte instituições ligadas à cultura, academia, formação, organizações profissionais e confederações de trabalhadores. Segundo os promotores, “esta mobilização demonstra a relevância nacional da calçada portuguesa e a necessidade do seu reconhecimento”.
Em nota de imprensa enviada às redacções, a Associação da Calçada Portuguesa refere que “a calçada portuguesa é um dos mais icónicos elementos da identidade e cultura nacionais, apreciada pela sua beleza e singularidade”. No mesmo texto é salientado que “esta arte enfrenta desafios que ameaçam a sua continuidade” e que “a preservação deste património exige o reconhecimento e valorização dos mestres calceteiros, verdadeiros guardiões desta técnica”.
Além do seu valor cultural, a calçada portuguesa constitui um activo estratégico para Portugal, contribuindo para a valorização urbana, o turismo e a projecção da cultura portuguesa no contexto global. A sua presença em diversos países historicamente ligados a Portugal, reforça o seu papel como veículo de afirmação cultural.
Com esta candidatura da “Arte e Saber-fazer da Calçada Portuguesa” à UNESCO, os impulsionadores da mesma pretendem “garantir que a calçada portuguesa continue a ser um símbolo vivo da cultura nacional, respeitado e apoiado, e que os seus mestres calceteiros recebam o reconhecimento que merecem”.
Além de Portugal, a calçada portuguesa está presente em locais de Espanha, Gibraltar, Bélgica, Chéquia, China, com particular incidência no território de Macau, Malásia, Timor-Leste, Angola, Moçambique, África do Sul, Brasil, Estados Unidos e Canadá.
Fundada em 2017 com o impulso da Câmara Municipal de Lisboa, a Associação da Calçada Portuguesa tem como missão proteger, valorizar e promover a calçada portuguesa a nível nacional e internacional. Entre os seus associados estão o Município de Lisboa, o Município de Porto de Mós, a ASSIMAGRA – Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais, a Universidade de Lisboa, a UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e o Grupo Português da Associação Internacional para a Protecção da Propriedade Intelectual.
Em Julho de 2021, a Associação da Calçada Portuguesa conseguiu a inscrição da “Arte e Saber-Fazer da Calçada Portuguesa” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, quatro meses depois da abertura do processo.
Com esta candidatura da “Arte e Saber-fazer da Calçada Portuguesa” à UNESCO, os impulsionadores da mesma pretendem “garantir que a calçada portuguesa continue a ser um símbolo vivo da cultura nacional, respeitado e apoiado, e que os seus mestres calceteiros recebam o reconhecimento que merecem”.
A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular, geralmente em calcário branco e negro, que podem ser usadas para formar padrões decorativos, ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores.
com LUSA | Foto: DR