No passado dia 10 de Abril, o canal 1 da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) estreou o programa “Em Casa d’Amália”, apresentado pelo estremocense José Gonçalez.
Pela primeira vez na história da televisão portuguesa, um estremocense apresentava, em horário nobre, um programa de televisão. Motivo de orgulho para os estremocenses em particular, mas para os alentejanos no geral.
José Gonçalez, que também assina a ideia original de “Em Casa d’Amália”, contou na primeira edição do programa transmitido na estação de serviço público nacional, com a presença do compositor, cantor e guitarrista Jorge Fernando, do guitarrista Custódio Castelo, do fadista Ricardo Ribeiro, do cantor Dino d’ Santiago e da fadista Ana Moura.
Na sexta-feira seguinte, marcaram presença “Na Casa d’Amália”, para não só recordar mas também recriar as famosas tertúlias feitas na sua habitação pela diva do fado, a fadista Kátia Guerreiro, acompanhada pelos seus guitarristas João Mário Veiga e Pedro de Castro, e os seus amigos Rui Veloso, cantor que dispensa apresentações, e o fadista Hélder Moutinho.
O Ardina do Alentejo não podia deixar passar esta fase tão positiva na vida do estremocense e este marco histórico na sua carreira passar em claro. Entre as promoções do programa, a promoção do seu álbum comemorativo de 30 anos de carreira, o management de artistas, nomeadamente do André Amaro, e os diversos projectos em que está envolvido, José Gonçalez arranjou um tempinho na sua agenda e esteve à conversa com o nosso portal de informação.
Os dois programas já emitidos, as audiências, as reacções da estrutura da RTP e o próximo programa foram alguns dos temas da conversa.
Ardina do Alentejo – No passado dia 10 de Abril estreou o teu “Em Casa d’Amália”. Um dia inesquecível?
José Gonçalez (JG) – Sim. Um dia feliz, de sentimento de dever cumprido. Já andamos a gravar o programa há quatro meses, que era para ir para o ar mais tarde, mais perto do aniversário de Amália, mas esta realidade, o facto de não haver conteúdos novos nas televisões e a cultura estar toda parada, precipitou o arranque do programa. Por um lado, ainda bem, ao menos assim as pessoas têm um bocadinho em que não se prendem só ao mal e ao vírus. E, para mim, será uma marca para toda a vida. Jamais esquecerei a estreia do meu primeiro programa em televisão.
Ardina do Alentejo – As audiências ditam regras no mundo da televisão. Tens algum feedback sobre como foram as audiências dos dois primeiros programas?
José Gonçalez (JG) – Sim, e muitas vezes é uma pena. Há projectos maravilhosos, de enorme qualidade, mas as pessoas não os veem e acabam por terminar. Sabes que o horário da noite é fortemente marcado pelas novelas. A SIC e a TVI têm duas, três novelas seguidas. E o público português aprecia muito esses conteúdos. Mas o programa, até agora, os dois tiveram resultados praticamente iguais, entre os 9 e os 12%, obteve resultados excelentes. Em média 10% de share, era algo impensável, mesmo por nós.
Este sábado, a imprensa espanhola, num dos seus jornais de referência, fez uma crítica absolutamente inacreditável ao programa e à RTP. Comparando mesmo o excelente produto de qualidade que a RTP estava a dar aos portugueses com as televisões espanholas. E mais que isso, salienta a dignidade e qualidade do programa num tempo de “telebasura” e mediocridade televisiva. Todo o artigo está nas minhas redes sociais podem ir lá ler.
Ardina do Alentejo – Quando fazemos alguma coisa que nos enche de orgulho, gostamos de saber o que pensam os nossos patrões… Alguém da RTP já falou contigo sobre a estreia do programa?
José Gonçalez (JG) – Claro. Logo no fim do programa, o Director de Programas da RTP, José Fragoso, ligou-me a dar os parabéns e a dizer que tinha corrido muito bem. No dia seguinte voltou a falar comigo, a dizer que as audiências tinham sido excelentes, e mandou-me o gráfico das audiências. Entretanto este sábado, voltou a incentivar-nos, mostrando a sua enorme satisfação com o projecto e foi ele que me enviou o artigo do jornal espanhol que elogia o programa e o formato.
Ardina do Alentejo – Através das mensagens deixadas nas redes sociais e através das, certamente inúmeras, mensagens e inúmeros telefonemas que foste recebendo, sentiste que os teus amigos, em particular, e os estremocenses no geral, te acompanharam no programa de estreia? Sentiste que Estremoz estava contigo?
José Gonçalez (JG) – Sim, claro. Sem dúvida nenhuma!
A grande maioria das mensagens e dos incentivos que recebi vieram da comunidade artística e cultural portuguesa, e dos meus conterrâneos. Confesso que algumas mensagens que recebi não estava nada à espera, mas fiquei muito feliz. Como sempre o disse, podemos andar por onde andarmos, mas os nossos serão sempre os nossos e sentirão sempre as coisas de forma diferente. E é também muito diferente a avaliação. Aprovação ou crítica, de quem nos conhece, do que a de quem não nos conhece de lado nenhum. E muitas vezes, só por ressabiamento, maldade ou infelicidade pessoal o fazem.
Ardina do Alentejo – E para que fiquemos já a saber com o que contar, no programa do próximo dia 24, quem é que vai estar “Em Casa d’Amália”?
José Gonçalez (JG) – Dia 24 é um dos programas que gostei mais de gravar. Porque é tudo rapaziada nova apadrinhada pelo FF. É o mostrarmos que o fado, a música portuguesa, está bem de saúde e recomenda-se. Todos não terão mais de 22 anos. E é um programa cheio de juventude, logo de graça e irreverência. Tem momentos incríveis de alegria e boa disposição. É uma tertúlia muito bem-disposta e cheia de qualidade musical. Acreditem que será engraçadíssima. Participam para além do FF, que já referi, o José Geadas (quem é que aí não o conhece!!??), o Buba Espinho, um miúdo de Beja que acaba de ser lançado pela Warner, a incrível Maria Emília, também acabada de lançar pela Valentim de Carvalho, a Maura Airez, filha do Mauro Airez, que jogou no Benfica, e o Tiago Correia, figura maior de muitos dos musicais de Filipe Lá Féria. Vejam que vai ser muito giro.