“Não se trata de uma biografia, nem de uma investigação jornalística, mas antes é um trabalho académico”. O autor desta frase é o estremocense António Varela, jornalista do jornal desportivo Record, que acaba de escrever um livro sobre o antigo presidente do Sport Lisboa e Benfica, João Vale e Azevedo.
O livro “A ascensão mediática de Vale e Azevedo” resulta da dissertação de mestrado do jornalista em Ciências da Comunicação, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, e decorre do interesse do autor em “estudar o modo como em apenas ano e meio, sensivelmente entre Abril de 1996 e Outubro de 1997, Vale e Azevedo passou de cidadão anónimo a presidente do Benfica”.
João Pissarra Esteves, professor associado do Departamento de Ciências da Comunicação, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, e Rodrigo Moita de Deus, Director do NewsMuseum, serão os oradores convidados no lançamento do livro autoria de António Varela, “A ascensão mediática de Vale e Azevedo”. O lançamento acontecerá no próximo dia 17 de Fevereiro, sexta-feira, pelas 18.30 horas, no Chiado Café Literário, localizado na Galeria Comercial do Tivoli Forum, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

Ardina do Alentejo esteve à conversa com o jornalista António Varela, que nos falou um pouco mais sobre este livro que tem edição da Chiado Editora, e de quais as expectativas do seu autor.
Ardina do Alentejo - Como é que surgiu a ideia de escrever este livro?
António Varela (AV) - O livro resulta da minha dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa. Interessou-me estudar o modo como em apenas ano e meio, sensivelmente entre abril de 1996 e outubro de 1997, Vale e Azevedo passou de cidadão anónimo a presidente do Benfica. O que se pretende provar é que não fosse o modo como ele construiu uma identidade e se tornou um protagonista obrigatório da agenda dos media jamais teria atingido o objectivo.
Ardina do Alentejo - Falou com Vale e Azevedo aquando da elaboração do livro?
AV - Foi feita uma entrevista a Vale e Azevedo em circunstâncias muito particulares e na qual ele explicou as suas duas estratégias na condução das campanhas eleitorais, a primeira com resultados negativos e a segunda inteiramente bem sucedida.
Ardina do Alentejo - Com que expectativas está sobre este livro?
AV - Primeiro que tudo, gostaria que ficasse claro que não se trata de uma biografia, nem de uma investigação jornalística, mas antes é um trabalho académico, cujos resultados eu entendo deverem ser de um conhecimento mais alargado, sem ficarem circunscritos às paredes da Universidade. Em causa está a nossa maneira de fazer jornalismo e este estudo de caso mostra-nos o quão difícil se torna fazê-lo nos nossos dias.
Ardina do Alentejo - Se lhe pedissem para definir Vale e Azevedo, como é que o definiria?
AV - Nesta altura, Vale e Azevedo tem uma imagem estigmatizada pelos factos que conhecemos, mas em relação ao objecto do trabalho, a forma como ele se tornou presidente do Benfica, pode dizer-se que é alguém absolutamente determinado na consecução dos seus objetivos.
Ardina do Alentejo - Que mensagem deixa a quem for ler esta breve entrevista?
AV - Trata-se de um livro que não interessará a todos, mas quem tiver o jornalismo como uma das suas áreas de eleição deve ver nele um instrumento para reflectir sobre como se constrói a agenda mediática e como nela se inscrevem os seus protagonistas.