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Universidade de Évora integra projecto europeu “Age Against The Machine”

O envelhecimento populacional é uma realidade em Portugal e, de uma forma mais acentuada, em toda a região Alentejo, o que torna ainda mais fundamental a consciencialização para o Idadismo neste território.

Isabel Bezelga, Ana Moya e Daniela Salazar, investigadoras do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora, integram o projecto europeu “Age Against The Machine“, apoiado pela Comissão Europeia no âmbito do programa CERVRede de Cidades (Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores), uma colaboração comunitária intergeracional que reflecte sobre os preconceitos etários a nível sociocultural no contexto europeu, o envelhecimento e questões discriminatórias e de género relevantes, através da linguagem do teatro comunitário e de métodos interativos performativos.

“Age Against The Machine” arrancou  oficialmente em Abril de 2024, em Novi Sad, na Sérvia, com a primeira reunião de representantes dos seis países participantes: Novi Sad – Fundação Capital Europeia da Cultura, (Novi Sad, Sérvia) como parceiro líder; Trupa Drz Ne Daj (Novi Sad, Sérvia); Cruz Vermelha da Sérvia (Belgrado, Sérvia); Nordisk Teaterlaboratorium (Holstebro, Dinamarca); Compagnia Il Melarancio Cooperativa Sociale (Cuneo, Itália); Teatr Brama (Goleniow, Polónia) e a Universidade de Évora

A Universidade de Évora é a única instituição de ensino superior a integrar este projecto que decorrerá até Janeiro de 2026, uma presença central no consórcio, principalmente ao nível da relação com agentes criativos e artísticos de países parceiros numa lógica de agregar e documentar todos os processos e metodologias aplicados ao longo do projecto em cada um dos países e por cada um dos parceiros. O objectivo deste projecto internacional é o de criar consciência em torno de problemas relacionados com o Idadismo, semeando questões na cabeça do público e, ao fazê-lo, deixando um legado de consciencialização global.

No âmbito da investigação nos vários domínios que se têm vindo a realizar no CHAIA, a relação de permanente contacto com a cidade de Évora impõe-se. “O CHAIA está inserido no Alentejo, uma das zonas mais envelhecidas do país, por isso é de extrema importância a parceria entre a Universidade de Évora e a Câmara Municipal de Évora (CME) no desenvolvimento deste projecto porque todo o grupo de participantes pertence aos vários núcleos de apoio dos quais a CME dispõe para apoio à comunidade sénior da região”, afirma Ana Moya, investigadora do CHAIA e investigadora responsável pelo projecto “Age Against the Machine” por parte da UÉvora.

Em colaboração com os restantes parceiros do projecto, estamos a criar uma comunidade intergeracional e intercultural de praticamente 40 pessoas que trabalham em parceria, activamente, em processos de metodologias participativas, na criação colaborativa performativa, para criar um diálogo sobre temáticas que são importantes para o nosso principal público-alvo, tais como a identidade, a imagem corporal, os estereótipos de gênero, a irmandade do femenino nos aspectos do cuidar, ou as relações interpessoais na comunidade, entre outros tópicos”, conclui. 

Velhas? Quem disse? Ainda aqui estamos” dá nome à performance teatral resultante do processo participativo com a comunidade local e conta com um elenco de onze mulheres do grupo sénior da CME e quatro estudantes de teatro da Universidade Évora. Uma equipa de outras onze pessoas, entre investigadores (CHAIA, _Artéria_Lab), docentes e estudantes da Escola de Artes da UÉvora, ficou a cargo da direcção, dramaturgia, encenação, produção, comunicação, desenho de luz, som e audiovisual do espectáculo. Através destas demonstrações, são expostas situações que, embora alguns elementos da audiência não as tenham experienciado individualmente, reconhecem-nas e são confrontados com alternativas de lidar com elas, de responder a determinadas discriminações. Uma particularidade deste projecto internacional, e que só se verifica em Portugal, é a questão de se trazer para dentro do grupo não apenas as mulheres com mais de 60 anos, mas também mulheres jovens, muitas delas que são estudantes dos vários ciclos de estudo de Artes Cénicas da UÉvora. Esta colaboração comunitária intergeracional também visa desafiar as políticas europeias existentes relativas às populações idosas, promovendo a igualdade e os direitos humanos da população sénior, como valores fundamentais da União Europeia.

O projecto internacional, que inclui seis estreias de espectáculos teatrais com as comunidades intergeracionais nos países parceiros, também integra cinco festivais “Age Against The Machine” nas cidades parceiras do projecto (Holstebro, Cuneo, Évora, Goleniów, e Novi Sad).

Durante a conferência final, que se realizará em Belgrado, na Sérvia, em Janeiro de 2026, a Cruz Vermelha da Sérvia apresentará um conjunto de recomendações destinadas aos decisores políticos, aos meios de comunicação social e ao público especializado, tanto a nível nacional como europeu. Adicionalmente, o trabalho artístico assente em metodologias participativas performativas, realizado pelos vários parceiros, será monitorizado pela Universidade de Évora em termos de eficiência metodológica e inovação. Este acompanhamento metodológico finalizará com a apresentação de um artigo científico que apresenta as linhas fundamentais de metodologia híbrida inovadora utilizada pelos parceiros ao longo dos processos empíricos do projecto.

Fotos: Caio Priori Santos

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